Enquanto por cá se discute o fim da ficção científica, em Inglaterra promove-se o género.
Pior ainda, é que sempre que alguém fora da capela faz alguma coisa, desta vez o aparecimento da antologia Ficções Phantasticas, um dos seus "gurus" vem vociferar alarvidades:
e depois tenta amenizar e confundir afirmando:
Mais soez ainda, é publicar num local restrito tentando fugir ao contraditório.
Para que fique claro, a tal agenda escondida,
egoísta e destrutiva, é mais um dos delírios do produtor das mensagens
que para além de publicar um "link" que nem sequer remete para todos os
títulos da colecção, afirma que esta «procura recuperar alguns textos
antigos numa tentativa inédita - e infelizmente breve - de construir uma
memória da FC portuguesa.». Ora vamos lá a rever os títulos publicados.
Ao contrário do que se pode imaginar seguindo o link, os títulos
públicos foram 7 e não 5, e os autores que viram textos recuperados foram
apenas 2: Contos Fantásticos, de Teófilo Braga e Memórias de um Medium, de João da Rocha, publicados respectivamente em 1865 e 1900 e republicados na referida colecção em 2001 e 2002. Os restantes 5 são editados pela primeira vez entre 2001 e 2003. A construção da memória fica logo aqui comprometida. É também de realçar que as restantes obras publicadas são de autores pertencentes a uma organização de que o director da colecção fazia parte, talvez com uma única excepção. Organização essa de que o produtor dos comentários fez também parte.
Tornam-se assim claras as intenções do produtor das mensagens, ao promover este clima de inverdade e manipulação que mina o aparecimento de uma produção nacional nos géneros. Este espírito de colmeia, de que se arreiga o lugar de rainha, é exactamente o oposto daquele que é necessário para que a ficção científica, a fantasia e o fantástico necessitam para medrar. Resta ter esperança que, apesar destes comportamentos, uma nova leva de autores consiga ver os seus trabalhos publicados, se recuperem os leitores perdidos e que as editoras nacionais voltem a publicar os autores nacionais.
Voltando às intenções é de apresentar um extracto de um texto sobre a republicação da obra de João da Rocha, da autoria do Jorge Candeias:
«Apesar disso, e ainda segundo Macedo, a primeira edição deste romance incluía um "longo, fastidioso e prolixo prefácio de 42 páginas [...] onde o autor, aceitando embora a «existência doutras inteligências perdidas no Universo», tenta explicar teórica e cientificamente os fenómenos ditos «espíritas», invocando [...] as leis das ciências então conhecidas: o magnetismo, a electricidade, a física, a bioquímica e a psico-fisiologia." (pp 11-12)
Voltando às intenções é de apresentar um extracto de um texto sobre a republicação da obra de João da Rocha, da autoria do Jorge Candeias:
«Apesar disso, e ainda segundo Macedo, a primeira edição deste romance incluía um "longo, fastidioso e prolixo prefácio de 42 páginas [...] onde o autor, aceitando embora a «existência doutras inteligências perdidas no Universo», tenta explicar teórica e cientificamente os fenómenos ditos «espíritas», invocando [...] as leis das ciências então conhecidas: o magnetismo, a electricidade, a física, a bioquímica e a psico-fisiologia." (pp 11-12)
Macedo, "bondosamente", decide suprimir nesta
reedição tal coisa fastidiosa, substituindo-a por uma introdução escrita
por si, bem mais curta (8 páginas), onde dá rédea solta às suas
próprias teses anti-científicas e rosacrucianas.
Apesar de ser um facto que sempre que um autor
sente a necessidade de explicar as suas obras em elaborados prefácios
isso quer dizer que algo falha na própria obra, e apesar de ser no
mínimo bizarro que um autor procure dar num prefácio uma interpretação à
obra que está em contradição frontal com aquilo que o romance diz de si
mesmo, a verdade é que os escritores não são obrigados a ser coerentes,
e se João da Rocha decidiu fazê-lo terá tido algum motivo. E assim, é
de ética duvidosa que um editor se arrogue ao direito de suprimir um
prefácio porque não concorda com a ideologia nele expressa e o acha
"fastidioso". Pode-se, inclusive, considerar que tal acto é quase uma
traição ao autor que se publica, o que levanta questões quanto às razões
que levam à própria publicação.
Assim, nesta edição da Hugin não ficamos a saber o
que pensava João da Rocha da obra que produziu. Do seu prefácio ficamos
a saber apenas aquilo que Macedo decide dizer-nos. Ficamo-nos,
portanto, apenas com a obra e com a introdução do próprio Macedo. Ora, a
obra é muito fraca, e a introdução, apesar de ser bastante
interessante, é-o mais pelo que omite do que pelo que diz, conseguindo
até a proeza de dizer mais coisas sobre António de Macedo do que sobre
João da Rocha.»
e que se pode ler na integra em: http://e-nigma.com.pt/criticas/memoriasmedium.html, o que certamente ajuda a compreender melhor como e «... quando um arcaísmo foi utilizado com fins altruístas e construtivos.»